“Mães surtadas” Dicas de Home Office

*Artigo por Alessandra Ramos

Esquece tudo que você aprendeu sobre home office até aqui. Esta situação que estamos vivendo exige esses conhecimentos e outros mais, bem especiais, exclusivos para profissionais que são mulheres e mães, além daquelas que já têm a famosa dupla jornada como donas de casa também.

Esse Guia foi feito para que você consiga garantir que sairá viva e – com certeza – fortalecida desse Curso Intensivo em que fomos jogadas sem inscrição prévia: Como se tornar Líder Master em situações VUCA

Lembra do mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) que todos falavam? Prazer, é o meu mundo, e a sua realidade atual!

Veja pelo lado bom, este é o momento perfeito para você treinar sua capacidade de planejamento estratégico, proatividade e – principalmente – sua habilidade de agir sob pressão em um ambiente adverso e instável.

Veja abaixo tudo que você pode pensar, fazer e evitar para sair satisfeita consigo mesma depois que “a porta puder se abrir”.

Se você se permitir testar e implantar algumas destas dicas, que seja, eu te garanto: As reuniões com clientes, os projetos urgentes e até os reports para liderança passarão a ser fichinha!

Preparada??

Respira fundo e relaxa, vai dar errado!

  1. Isso mesmo. Sabe por que? A conta já não fechava antes, imagine agora! Então, antes de qualquer coisa, respira fundo e relaxa!

Entenda que: trabalho + casa + comida + criança + homeschooling (educação domiciliar temporária) = Superpoderes.
Você tem? Eu, com certeza não! Então, vamos escolher as nossas brigas para podermos ganhar a batalha, ok?

Meu critério é sempre pelo que eu mais gosto ou tenho mais facilidade para fazer, pois assim, evito protelar. O que realmente não gosto ou me irrita, ou vou negociando com alguém ou fica sem fazer. E, tudo bem!

E quando digo com alguém, as crianças, desde pequenas, entram na lista também, viu?

  1. E falando em crianças… Aproveite para fazer a divisão equilibrada das tarefas domésticas, como a preparação do almoço, limpeza da casa, a orientação das crianças e cuidado com animais de estimação (se houver).
  2. Estipular quem faz o que, e em quais horários, ajudará a organizar a rotina familiar sem sobrecarregar ninguém. Além disso, garante que cada um faça sua parte no tempo previsto para que você consiga assim, separar seu tempo de dedicação à casa das necessidades do trabalho.

Atenção: Não faça pelas crianças o que elas conseguem fazer sozinhas.

Atenção²: Deixe-as fazer as tarefas da casa, mesmo errando ou não ficando do seu jeito. Isso não é ajuda, é coparticipação = todos moram, todos limpam. Isso dá senso de coletividade e trabalho em equipe. Este é um ótimo momento para aprenderem a ser colaborativas e responsáveis. Afinal, essas são competências extremamente valorizadas, então aproveite.

O segredo aqui não é impor e sim convidar todos os que moram na casa para uma “reunião familiar”, levantar com todos a lista de tarefas a serem feitas e decidir em conjunto o que cada um pode fazer. Ao final, deixe fixado em algum lugar visível o “quadro de tarefas da semana”, e toda semana você vai trocando os responsáveis pela mesma tarefa (assim eles vão treinando novas habilidades).

Lembre-se: Use perguntas, nunca de cobrança, para lembrar as pessoas da sua tarefa. Exemplo “Você prefere tirar o lixo antes ou depois do jantar? ” Agradeça e reconheça, sempre.

Ah, e não desista: Depois de duas ou três semanas já virou rotina e você vai me agradecer. Bem, agradeça a Jane Nelsen, criadora da “Disciplina Positiva”, (o livro que leva o mesmo nome não sai mais da minha cabeceira).

Dica do coração: Existe um sistema de organização da limpeza doméstica (tanto no youtube quanto no facebook) chamado FlyLady, que ensina os baby steps da organização da casa. São dicas simples e úteis para deixarmos nosso ambiente limpo e acolhedor. Além de ensinar a regra dos 15 minutos, você vai amar!

Para começar bem o dia, é preciso planejá-lo antes!

  1. Sim, sim… Infelizmente é verdade. Neste cenário, rotina e planejamento são sim nossos maiores aliados. Tem gente que adora! Mas, mesmo alguém como eu consegue minimamente organizar o que é possível e evitar surpresas desesperadoras, quer ver?

Para seu dia ser minimamente organizado, é preciso pensar no que é mais importante já no dia anterior.

E se for perto da hora de dormir, ótimo. Assim, você fica mais tranquila e com a gostosa sensação de que está com tudo sob controle.

  1. Procure criar uma lista unificada, com as principais coisas que precisa dar conta no dia seguinte.
    Liste as prioridades do trabalho, com os tempos em ordem crescente. Ao lado, coloque só o que for necessário da casa; e por último – claro – entregas/ atividades das crianças. Isso evita que você marque alguma reunião no horário da refeição ou no momento em que estejam mais agitadas (geralmente perto do almoço e/ou ao final do dia).

Também garante que você já pense no que vai fazer de comida e consiga, logo cedo, descongelar algo ou pôr de molho, dando o timing necessário para a manutenção da paz.

Essa “visão macro” garantirá que reuniões importantes com líderes ou com equipes não sejam interrompidas por gritos desesperados de fome ou cansaço.

Calma: Se você é como eu, que mal consegue controlar a sua agenda, quanto mais três, é possível também. Ao invés de fazer uma lista, já faça logo um quadro da semana e só vá atualizando no decorrer dos dias. O meu, eu fiz com as crianças e foi bem divertido!

Preserve o máximo que puder a rotina pré-existente

  1. Se as crianças acordavam cedo e estudavam de manhã, tente manter essa rotina.
    Quando a escola pediu, eu achei exagero, mas… Ao longo dos dias, eu percebi a diferença. No dia que tentava dar as aulas à tarde, era um caos, falta de foco, pressa para acabar, cutucão, provocação, af. Mas quando eu conseguia começar a aula logo cedo, ficava surpresa com os resultados. Outra coisa que a escola ensinou e ajudou aqui:

Faça uma reunião com eles no início da semana para escolherem juntos os assuntos e atividades que acham legais, na sexta, peça para que se avaliem e levantem ideias para melhorar para a semana seguinte.

Gente, meu filho falando que não gostava de ter que esperar sempre que ia começar uma atividade (porque eu estava auxiliando a pequena) e depois contando como melhorou a aula por ter a tarefa já pronta para ele, não tem preço.

Sim, já deixei as atividades dele prontas no dia (ou melhor, na noite) anterior. Assim, como ele já sabe ler, não precisou ficar me esperando para começar. E deu certo.

Ponto pra escola!

  1. Manter a rotina não significa manter o mesmo horário… Se, por conta do seu trabalho elas terão que te esperar para ter aulas num horário oposto ao que estudavam antes, tudo bem também!
    Para garantir a rotina, você pode checar com a escola qual era a configuração das aulas e os combinados. Assim, você tenta manter a rotina da escola independente do período. Isso ajuda também!
  2. Aproveite o homeschooling para ser um personagem leve e estimulador na vida dos seus filhos.
    Algo que realmente faz a diferença: Na hora estipulada da “escola”, aguce a fantasia deles e entre no personagem. Adote um nome diferente, durante o seu “período escolar” você deixa de ser a “mãe” e passa a ser a “professora”. Quanto menor a idade da criança, mais mágica é essa dica.

Isso ajuda a separar os ambientes doméstico X aprendizagem para todos. E te mantém alerta para o papel (pois a professora não pode xingar, reclamar do aluno, fazer por ele, etc.). As crianças compreendem melhor o enquadre e se dedicam mais.

Eu mesma cumpro o protocolo à risca: aviso que o sino vai tocar 5 minutos antes, chamo para a classe, dou bom dia e abraços como se não tivesse visto antes, pergunto até o que fizeram no dia anterior. Eu juro que eles respondem, kkk.

Dica do coração: Eu nunca respondo quando me chamam de mãe, às vezes ignoro e eles mesmos se corrigem, e às vezes brinco “Não, eu sou a Prô Vitória (meu pseudônimo nesta jornada), sou “mais legal que a sua mãe”, rs.

Que tal testar essa dica para ver se faz diferença aí na sua casa?

  1. Vá com calma! Manter a rotina e as tarefas escolares, não significa virar uma pedagoga conceituada da noite para o dia!
    E não, você não vai acabar com o futuro profissional do seu filho ou reduzir seu rendimento acadêmico se não estiver dando conta de fazer tudo que a escola está pedindo. Comprometa-se apenas com o que você der conta de fazer. Tá puxado? Reduza a quantidade de lição, ou substitua por atividades mais divertidas ou alternativas. Tem jogos e brincadeiras que possuem o mesmo efeito final de aprendizagem é só dar uma “googlada”.

Quer um exemplo? Eu, com toda minha habilidade física (kkk) substituí a aula de Educação Física por um vídeo no youtube chamado “Yoga for kids”, eles estão amando!

Tem outro adulto na jogada que possa dividir algumas aulas com você? Aproveite!

Aqui não rolou, mas outra mãe conseguiu combinar com o marido quais aulas cada um daria, assim ambos ficavam com duas horas seguidas pela manhã para marcar as reuniões mais importantes do trabalho.

Sinceramente? Neste momento “escola” vale mais seu tempo com eles aprendendo, jogando e pesquisando juntos do que qualquer outra coisa, então, faça as contas: – cobrança e + diversão. Escolha sempre pela diversão.

Preservar a rotina pré-existente vale para as crianças, não para você!

  1. Reduzir sua jornada de trabalho: Algumas empresas optando por essa alternativa, caso a sua não tenha oferecido ainda, vale perguntar se existe a possibilidade; Se ninguém te disse isso ainda, vou dizer: Esquece! Você não vai conseguir manter sua rotina de trabalho impecável, autocuidado e descanso. Ninguém sairá incólume dessa experiência. E eu não estou dizendo isso para te desanimar não, pelo contrário. É para te estimular. Acredite!
    1. Você não vai conseguir produzir o mesmo que produzia na sua jornada habitual de trabalho, e tudo bem! Sério. Então, já sabendo disso, procure:
    2. Conversar abertamente com seu líder sobre sua realidade: caso a opção anterior falhe, seja sincera e combine o jogo. Diga que vai garantir a produtividade, dando foco para tudo que for prioritário, os demais, vai necessitar de colaboração ou delegação, ou… vai esperar. Combine com a liderança e/ou com a equipe como fazer cada coisa, quem pode fazer e quais prazos são possíveis de serem estendidos;
    3. Liste apenas o que for prioritário para o dia. E do que foi listado, separe por: a) com outros b) sozinho.
  2. Isso significa que seu tempo de sono vai reduzir, mas isso não precisa comprometer a qualidade do mesmo.
    No insta @magele_valdo você encontra dicas muito legais para uma “maternidade mais leve”, dentre elas, dicas para ter um sono com mais qualidade mesmo dormindo pouco. Vale a visita!
  1. E já que não dá pra manter tudo como antes, escolha o que preservar.
    Para algumas mães, se arrumar, se maquiar e manter um look bem composto é essencial para a manutenção da autoestima e do bom humor. Se você é dessas, então vale a pena acordar 15 minutos antes para garantir que seu ritual seja preservado. E insista nisso.

Eu já prefiro manter esses 15 minutos a mais de sono, rs. Por outro lado, é muito importante para mim, ter um banho silencioso e um tempo no fim de semana para assistir um filme ou ler um livro. No meu caso, meu marido reveza esse momento comigo, ele fica com eles para eu assistir ao filme, então eu fico com eles e ele joga seu videogame. Nesse momento eu aproveito para contar uma história ou jogar algum jogo. Tem dias que é a Ladybug que me salva, e tudo bem também.

Preserve-se ao máximo

  1. Evite ler tantas coisas negativas. Não é porque vídeos e mensagens caem aos montes no seu celular que você é obrigada a ler. Pare agora!
    Mantenha-se informada sim, mas por especialistas e fontes oficiais. Tome os devidos cuidados com exposição, higiene e reclusão. Pronto! Isso basta. Limite seu tempo nas redes sociais e viva mais seu momento atual.

Você está vivenciando tudo isso para manter sua família segura, foque nisso: Seu lar é o ambiente mais seguro e maravilhoso que existe nesse momento. Abrace-o.

  1. Isso significa também tomar cuidado com os grupos de Whatsapp. Se for grupos de mães, redobre os cuidados! Cada dia que passa aumentarão o número de mães surtadas por lá. Então, siga esse Guia, compartilhe com as amigas e não se deixe contagiar por discussões acaloradas que não te levarão a lugar nenhum.
    Dica do coração: Lá no nosso blog tem um texto lindo da Cíntia Martins, sobre como manter a comunicação afetiva nesse momento onde todos os contatos estão digitais. Ela fala da importância da auto empatia e da paciência que precisamos ter para conversarmos com os outros nesse momento.
  2. Não é porque você está confinada em casa que você vai cortar relações com o mundo. O isolamento é físico, nunca emocional. Coffee-break com a equipe e happy-hour com a galera estão liberados.
    Mantenha-se conectada com quem te faz bem. Vai fazer uma pausa para o café, liga para alguém e convida para tomar um cafezinho contigo. Fez uma comida gostosa, compartilha a receita com alguém. Sobreviveu a semana puxada, marca um happy hour com as amigas… Assim, você mantém e fortalece seus vínculos mesmo estando em casa. E isso é mais importante do que imagina: Eles nos ajudam a aquecer o coração e a liberar ocitocina, um dos hormônios da felicidade.

Importante: Não estou falando de postar no instagram, ou no face. Não se trata de registrar, mostrar, etc. Se trata de se conectar. Chamada telefônica, ouvir a voz, chamada de áudio, comer junto. É pessoa a pessoa! Ok?

E por último….


Que tal conferir os óculos que você anda usando?

Se você é como eu, há tempos estava pedindo mais tempo de qualidade em casa, certo? Então, o Universo atendeu seu pedido, rs

Não estou brincando, claro que não é dessa forma que imaginávamos esse “tempo extra”. Porém, já que o temos, por que não aproveitar da melhor forma possível?

Pense bem, você está tendo a oportunidade de participar ativamente do desenvolvimento das crianças, como você não fazia desde que eram pequeninos… Então, aproveite!

Descubra o que mais gostam, no que têm mais dificuldades, quais semelhanças eles carregam e o que pensam sobre as coisas e o mundo.

Ontem eu fiquei encantada com algo aparentemente tão bobo! A pequena, que na semana passada fazia o número dois parecendo um laço deitado, ontem conseguiu fazê-lo parecer um número de verdade. E não foi a professora, fui eu. Euzinha pude ensinar minha filha a fazer um número legível. Já o mais velho adorou a Loteria das letras, disse que a “prô” da escola nunca tinha feito isso com eles. Rará, ponto para mim!

Claro que haverá momentos de brigas, comida no chão e caos instalado. E você já sabe disso. Mas o que você quer que fique na sua memória, e principalmente na deles quando tudo isso acabar? Pense bem.

Existem os óculos que enxergam o peso, a sobrecarga e o trabalhão que isso realmente vai dar. Que vão te exigir pulso firme, controle e perfeição….

E existem os óculos que veem essas mesmas situações por uma lente mais positiva, que enxerga o quanto vocês poderão aproveitar, crescer e amadurecer juntos. Como você poderá aprender a integrá-los em sua vida e curtir estarem juntos de verdade. Que sabe que a casa continuará lá, mesmo bagunçada, que umas horas extras na tevê ou no videogame não vão ser o fim do mundo se isso for necessário para concluir o trabalho do dia. Essa lente vê uma criança dormindo sem o devido banho e se alegra com a imagem de quem aprontou até cair no sono…

Eles sobreviverão. E de um jeito ou de outro você também sobreviverá. Mas de que jeito gostaria de estar ao final disso tudo?

Agora, nesse exato momento, você pode escolher: Com quais lentes você prefere passar por tudo isso? Qual desses óculos vai te ajudar a tornar essa nossa jornada mais leve e menos assustadora?

Mudar a sua perspectiva da realidade, e consequentemente a sua atuação sobre ela vai te garantir momentos de prazer, bagunça e risada gostosa. A escolha está em suas mãos, ou melhor, nos seus olhos!

Confira suas lentes, troque já se necessário.
Respire fundo e acredite: você consegue!

*Alessandra Ramos, Analista Sênior do Grupo Bridge, onde há 10 anos é responsável pela criação de projetos de Educação Corporativa com foco em Relação, Inovação e Cultura.

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